Texto por Andreia Rodriguez (@andreia.rodriguezz)
Arte por Evelin Altreiter (@evealtreiter)
Eu nunca entendi muito bem o motivo de todas as campanhas ligadas ao Dia da Mulher serem feitas em “tons mais femininos”, com elementos visuais que remetem a delicadeza, a beleza e a “fofura” do “ser mulher”. Tô falando daquelas peças clichês mesmo, com fundo rosa e cheias de flores, onde a gente vê uma modelo sorrindo como se nada no mundo a deixasse mais feliz do que fazer parte daquilo ali.
Se pensarmos por alguns minutos e lembrarmos daquelas aulas de história sobre Revolução Industrial, a gente começa a entender o peso dessa data. Embora a associação mais comum para o dia seja referente ao incêndio de uma fábrica têxtil nova-iorquina, em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas, a luta pelos direitos vem de muito antes. Desde o final do século 19, organizações feministas ligadas ao movimento operário já protestavam em vários países da Europa e Estados Unidos. Na época, as jornadas de trabalho eram de aproximadamente 15 horas diárias e os salários eram ridiculamente baixos.
A luta foi e ainda é constante. A gente fala tanto em igualdade de gênero que chega a ser irônico pensarmos que existe um dia do ano onde somos parabenizadas pelo fato de sermos mulher. Sem falar naquele cara abusivo que agride mulheres, seja de forma física ou verbal, 364 dias por ano, e no 8 de março veste a camiseta para bater no peito dizendo que devemos valorizar o empoderamento feminino. P*rra! Não se trata de não ter uma data especial, mas sim lembrar que todos os outros dias também deveriam ser especiais.
Em um país como o nosso, onde falar de feminicídio é “bobagem”, sinceramente, não espanta que a data seja tão comercial. As lojas de doces vendem chocolates, as floriculturas vendem rosas, as livrarias vendem cartões com frases ruins, e a publicidade abraça tudo isso para criar campanhas lindas que emocionem e motivem.
E quando chega a hora de preparar as peças dos clientes, a gente entra num parafuso misturado com o ciclo vicioso do começo desse texto: elementos visuais delicados, flores, cor-de-rosa, e blá blá blá. Mas vamos lá, repitam esse mantra comigo: cor não tem gênero e flor não é sinônimo de feminilidade. Ufa, não foi tão difícil, né?
Mas então a gente vai fazer o quê? A gente vai criar, oras!
Isso aqui não é só sobre achar uma foto bonita com uma mulher sorridente e jogar alguma frase batida por cima. Nada de fazer aquele trabalhinho rápido porque “ninguém vai entender direito mesmo”, nós somos comunicadores e não podemos nos isentar dessa responsabilidade, ensinar também faz parte do que fazemos. A título de curiosidade, as pessoas responsáveis pelo desenvolvimento deste texto e arte em questão, são mulheres. O negócio aqui é #girlpower mesmo.
A verdade é que existe um motivo para sermos nós, mulheres que estamos criando esse material para outras mulheres (e homens também! Não se sintam excluídos, meninos). Afinal, quem melhor do que a gente para saber o que dizer? Pois bem, a gente acredita nesse dia, e na força que ele tem. Porque ser mulher tem muito de tudo isso.
Liderar uma equipe de criação não é fácil, e, diga-se de passagem, a Evelin (nossa diretora de arte responsável por essa arte maravilhosa), é f*da demais. E a Mari, nossa head de operações, sócia e responsável pelo administrativo tá aqui para provar que dentro da comunicação a diferença de gerações é bobagem, porque a gente cria junto. E quanto à redatora que vos fala, bom, dá pra encontrar muito de mim nesse texto.
Seja como for, a nossa luta continua. Feliz Dia Internacional da Mulher.
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