Escrito por Uriel Gonçalves, head de conteúdo da YouGo
Parece sensacionalista dizer isso, porém eu posso reafirmar se você ainda está duvidando: pós-pandemia, as nossas tendências e o nosso hábito de consumo estarão completamente mudadas. Só pensar em você, o seu consumo mudou, não? Até agora, nada que eu disse é uma novidade real. Mas agora vem a bomba: essa situação que estamos vivendo sem precedentes está afetando fortemente a vida dos brasileiros, mais de 70% das pessoas está cortando gastos para se adaptar, 80% está pessimista, 40% com medo de perder o emprego e 50% com a renda reduzida. Não sou eu que estou dizendo agora, é uma pesquisa feita pela McKinsey.
Mas o que você está me dizendo então, Uriel, é para me preparar para o pior? Não. Longe disso. O pessimismo aqui passa longe, trabalhamos apenas com dados. Já existe uma retomada no consumo, esse mesmo estudo mostra melhoras em alguns cenários desse caos todo. Por exemplo, as mercearias estão abastecendo os estoques quase como faziam antes da pandemia, já as lojas de produtos de cuidados pessoas e de higiene precisaram abastecer muito mais que antes, dada a altíssima demanda por esses produtos.
Porém, mesmo com alguns dados positivos, entenda que o futuro do consumo ainda é difícil de prever. Vamos usar a China como exemplo, que foi o epicentro da doença, o consumo médio no país asiático foi de 39%, considerando que 100% seria o padrão anterior a pandemia. E no período pós-pico, o consumo médio subiu para 79%. Será que essa tendência também irá seguir no Brasil? Lá houve o chamado "revenge spending", onde as pessoas gastaram muito em pouco tempo, uma tendência que salvou algumas marcas de luxo.
É necessário dizer que esses novos comportamentos que estamos vendo serão mais fortes e definidos pós-pandemia, e vão ser alterados por mudanças nos valores e na mentalidade em geral. Em breve, iremos repensar mais ainda nossos hábitos de consumo, valorizando mais a saúde e a qualidade de vida, com mais consciência em consumir, colocando o bem-estar da sociedade e do planeta em primeiro lugar. E um dos motivos disso acontecer é que, ao apertar os cintos por um tempo, muita gente nota que, na verdade, não precisava gastar com tanta coisa para sobreviver.
Além disso, consumo de segunda mão está sendo visto com um olhar mais amigável, então objetos usados e brechós devem tirar vantagem nesse novo mundo que está sendo construído. E trazendo pro consumo alimentício, 60% das pessoas estão consumindo mais produtos frescos ou não industrializados do que antes, o que também dá a possibilidade do setor de alimentos surfar essa onda.
Para encerrar, o estudo ainda recomenda que as empresas devem agir agora mesmo, se preparando pra atender o consumidor pós-pandemia, por que as empresas resilientes e adaptativas são as que sairão vencedoras dessa batalha.
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